terça-feira, 1 de junho de 2010

David x Golias em mar internacional


Editorial, Jornal do Brasil em 01 de junho de 2010

"Merece o total repúdio, como aliás foi a reação em uníssono de quase toda a comunidade internacional, o ataque realizado ontem pela marinha israelense à frota de seis embarcações que levavam ajuda humanitária à Faixa de Gaza.

A ação desastrosa e covarde resultou na morte de pelo menos dez pessoas. As vítimas faziam parte do grupo de 750 ativistas do movimento organizado pela ONG Free Gaza, que tentavam furar o bloqueio imposto por Israel à região há três anos. O comboio esperava entregar 10 mil toneladas de suprimentos à população de Gaza, obrigada a viver uma difícil situação de privações, humilhação e desrespeito aos direitos humanos.

Vários elementos demonstram a arbitrariedade do ataque e a típica truculência que o Estado de Israel acostumou-se a exercer, até contra pessoas indefesas, sempre sob o pretexto de defender sua segurança.

Em primeiro lugar, e num claro atentado às leis internacionais, a invasão dos soldados israelenses à flotilha se deu a 70 milhas da costa, muito além das 20 milhas marítimas a que o país tem controle, segundo o Tratado de Oslo de 1993. Na melhor, ou na pior terminologia criada recentemente pelas grandes potências militares, Israel justificou a ação como um ataque “preventivo”. Como foi o Iraque para os Estados Unidos. Israel emula, repete o discurso de seus fiéis protetores. Mas de maneira ainda mais primária. Desgasta-se, sem o menor traço de inteligência, ao arranjar como bode expiatório uma presa fácil. Difícil é não ver por trás do pretexto o constante automatismo de liberar, a qualquer preço, a enorme energia da máquina de guerra que precisa ser constantemente girada. O clima de conflito – do qual Israel se diz vítima, mas insiste em alimentar – interessa não só pelas razões políticas, mas pelas econômicas, ditadas por grandes conglomerados que experimentaram na grave crise econômica mundial iniciada em 2008 um prejuízo tão grande quanto os tempos de paz. Exercer uma ação militar em águas internacionais por si só mostra o abuso e a postura de um Estado beligerante, que está longe de atacar apenas para se defender.

Em segundo lugar, não há qualquer evidência de que se tratava de um grupo de terroristas, camuflados de ativistas humanitários, como Israel pretende justificar, associando os passageiros do comboio a organizações tão díspares quanto a Jihad, a Al Qaeda e o Hamas. Nada menos convincente. A simples exposição do “arsenal” presente nas embarcações, com os quais os ativistas reagiram à invasão dos soldados, revela a fragilidade dos argumentos de Israel. Que grupo de perigosos terroristas lançaria mão de pedaços de pau, ferro, estilingues e bolas de gude?

As embarcações invadidas pelos soldados foram palco de uma luta de David contra Golias. E, ironicamente, Israel, que carrega a estrela do rei dos judeus em sua bandeira, não foi David. Era o gigante a atacar pequenos ativistas humanitário."

Sem entrar no mérito de um conflito milenar e ignorante, falando somente do caso em questão - Israel SEMPRE usou de força excessiva em suas ações. SEMPRE , FUZIL CONTRA PEDRAS !!!! e poderia ,muito bem, ter evitado as mortes. Foi uma ação desastrosa e amadora.


Um comentário:

  1. É delicado falar desse conflito, pois ele não começou ai e sim ha décadas. Nós não sabemos o que realmente acontece por lá. Infelizmente a imprensa, por mais que diga o contrário, não consegue ser imparcial e passa para o público o que lhe interessa. Falando desse epsódio em especial, foi um ato absolutamente covarde e Israel merece ser penalizado.
    Volto a falar.

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